Eu amava o meu amigo
Ele afastou-se de mim
Nada mais há a dizer
O poema acaba
Suave como começou -
Eu amava o meu amigo
Ele afastou-se de mim
Nada mais há a dizer
O poema acaba
Suave como começou -
Eu amava o meu amigo
Poem (to F.S.)
I loved my friend
He went away from me
There's nothing more to say
The poem ends
Soft as it began -
I loved my friend.
Desejo
O desejo para nós
Foi como uma morte dupla
Veloz perecer
Da nossa respiração confusa,
A evaporação rápida
De um perfume estranho e desconhecido
Entre nós
Num quarto
Despido
Desire
Desire to us
Was like a double death,
Swift dying
Of our mingled breath,
Evaporation
Of an unknown strange perfume
Between us quickly
In a naked
Room
Eu também canto a América
Eu também canto a América.
Eu sou o irmão negro.
Eles mandam-me ir comer para a cozinha
Quando alguém chega.
Mas eu rio-me
E como bem
E cresço forte.
Amanhã,
Quando alguém chegar,
Comerei à mesa.
Nessa altura
Ninguém se atreverá a dizer-me
"Vai comer para a cozinha".
Além disso,
Verão como sou belo
E terão vergonha.
Eu também sou a América.
I, Too, Sing America
I, too, sing America.
I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.
Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me
"Eat in the kitchen",
Then.
Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed -
I, too, am America.
Negro
Sou um Negro:
Escuro como a noite,
Escuro como as profundezas da minha África.
Tenho sido um escravo:
César mandou-me limpar os degraus da sua porta.
Escovei as botas de George Washington.
Tenho sido um trabalhador:
Sob as minhas mãos ergueram-se as pirâmides.
Fiz argamassa para o Woolworth Building.
Tenho sido um cantor:
Entre África e a Geórgia
Carreguei as minhas canções de lamento.
Fiz “ragtime”.
Tenho sido uma vítima:
Os belgas cortam-me as mãos no Congo.
Continuam a linchar-me no Mississipi.
Sou um Negro:
Escuro como a noite,
Escuro como as profundezas da minha África.
Negro
I am a Negro:
Black as the night is black,
Black like the depths of my Africa.
I’ve been a slave:
Caesar told me to keep his door-steps clean.
I brushed the boots of Washington.
I’ve been a worker:
Under my hand the pyramids arose.
I made the mortar for the Woolworth Building.
I’ve been a singer:
All the way from Africa to Georgia
I carried my sorrow songs.
I made ragtime.
I’ve been a victim:
The Belgians cut off my hands in the Congo.
They lynch me still in Mississippi.
I am a Negro:
Black as the night is black.
Black like the depths of my Africa.
Ennui
É muito
Aborrecido
Ser sempre
Mendigo
Ennui
It's such a
Bore
Being always
Poor
O Negro Fala dos Rios
Eu conheci os rios:
Conheci rios tão antigos como o mundo e mais velhos do que o sangue nas veias humanas.
A minha alma cresceu tão profunda como os rios.
Tomei banho no Eufrates quando as madrugadas eram jovens.
Construí a minha cabana junto ao Congo, onde me embalei até adormecer.
Olhei para o Nilo e sobre ele criei as pirâmides.
Ouvi o canto do Mississipi quando Abe Lincoln o navegou até Nova Orleães e vi o seu curso enlameado transformar-se em ouro no pôr-do-sol.
Eu conheci os rios:
Rios antigos e sombrios.
A minha alma cresceu tão profunda como os rios.
The Negro Speaks of Rivers
I've known rivers:
I've known rivers ancient as the world and older than the flow of human blood in human veins.
My soul has grown deep like the rivers.
I bathed in the Euphrates when dawns were young.
I built my hut near the Congo and it lulled me to sleep.
I looked upon the Nile and raised the pyramids above it.
I heard the singing of the Mississippi when Abe Lincoln went down to New Orleans, and I've seen its muddy bosom turn all golden in the sunset.
I've known rivers:
Ancient, dusky rivers.
My soul has grown deep like the rivers.
He went away from me
There's nothing more to say
The poem ends
Soft as it began -
I loved my friend.
Desejo
O desejo para nós
Foi como uma morte dupla
Veloz perecer
Da nossa respiração confusa,
A evaporação rápida
De um perfume estranho e desconhecido
Entre nós
Num quarto
Despido
Desire
Desire to us
Was like a double death,
Swift dying
Of our mingled breath,
Evaporation
Of an unknown strange perfume
Between us quickly
In a naked
Room
Eu também canto a América
Eu também canto a América.
Eu sou o irmão negro.
Eles mandam-me ir comer para a cozinha
Quando alguém chega.
Mas eu rio-me
E como bem
E cresço forte.
Amanhã,
Quando alguém chegar,
Comerei à mesa.
Nessa altura
Ninguém se atreverá a dizer-me
"Vai comer para a cozinha".
Além disso,
Verão como sou belo
E terão vergonha.
Eu também sou a América.
I, Too, Sing America
I, too, sing America.
I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.
Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me
"Eat in the kitchen",
Then.
Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed -
I, too, am America.
Negro
Sou um Negro:
Escuro como a noite,
Escuro como as profundezas da minha África.
Tenho sido um escravo:
César mandou-me limpar os degraus da sua porta.
Escovei as botas de George Washington.
Tenho sido um trabalhador:
Sob as minhas mãos ergueram-se as pirâmides.
Fiz argamassa para o Woolworth Building.
Tenho sido um cantor:
Entre África e a Geórgia
Carreguei as minhas canções de lamento.
Fiz “ragtime”.
Tenho sido uma vítima:
Os belgas cortam-me as mãos no Congo.
Continuam a linchar-me no Mississipi.
Sou um Negro:
Escuro como a noite,
Escuro como as profundezas da minha África.
Negro
I am a Negro:
Black as the night is black,
Black like the depths of my Africa.
I’ve been a slave:
Caesar told me to keep his door-steps clean.
I brushed the boots of Washington.
I’ve been a worker:
Under my hand the pyramids arose.
I made the mortar for the Woolworth Building.
I’ve been a singer:
All the way from Africa to Georgia
I carried my sorrow songs.
I made ragtime.
I’ve been a victim:
The Belgians cut off my hands in the Congo.
They lynch me still in Mississippi.
I am a Negro:
Black as the night is black.
Black like the depths of my Africa.
Ennui
É muito
Aborrecido
Ser sempre
Mendigo
Ennui
It's such a
Bore
Being always
Poor
O Negro Fala dos Rios
Eu conheci os rios:
Conheci rios tão antigos como o mundo e mais velhos do que o sangue nas veias humanas.
A minha alma cresceu tão profunda como os rios.
Tomei banho no Eufrates quando as madrugadas eram jovens.
Construí a minha cabana junto ao Congo, onde me embalei até adormecer.
Olhei para o Nilo e sobre ele criei as pirâmides.
Ouvi o canto do Mississipi quando Abe Lincoln o navegou até Nova Orleães e vi o seu curso enlameado transformar-se em ouro no pôr-do-sol.
Eu conheci os rios:
Rios antigos e sombrios.
A minha alma cresceu tão profunda como os rios.
The Negro Speaks of Rivers
I've known rivers:
I've known rivers ancient as the world and older than the flow of human blood in human veins.
My soul has grown deep like the rivers.
I bathed in the Euphrates when dawns were young.
I built my hut near the Congo and it lulled me to sleep.
I looked upon the Nile and raised the pyramids above it.
I heard the singing of the Mississippi when Abe Lincoln went down to New Orleans, and I've seen its muddy bosom turn all golden in the sunset.
I've known rivers:
Ancient, dusky rivers.
My soul has grown deep like the rivers.
2 comentários:
Gosto da poesia de Langston Hughes. Conheci seus poemas através dos poemas traduzidos de Manuel Bandeira, apaixonei-me, são de uma pureza angelical, de uma grandiosidade divina, eles tocam na alma o mais inerte dos mortais.
Vi um canal do youtube que tinha videos no Langston Hughes traduzido em português e espanhol simultâneamente. Acho que você vai gostar?
https://www.youtube.com/watch?v=qVYGXSsG100
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